quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Poeta Pedro Lyra em Volta Redonda

Pedro Lyra, um dos grandes poetas do Brasil, 
em Volta Redonda


Entre o Projeto TIM Grandes Escritores, que trouxe a Volta Redonda autores consagrados como Affonso Romano de Sant'Anna, Marina Colasanti e Ignácio de Loyola, e a vinda de Pedro Lyra, em 26 de julho último, em razão da homenagem que lhe foi prestada pela PoeArt Editora, há uma lacuna de onze anos. Muito tempo, pelo fato de Volta Redonda ser uma cidade importante, próxima ao Rio de Janeiro, com faculdades, inclusive com curso de Letras. É uma pena que em nosso meio não se invista muito em projetos dessa natureza, que no fim de contas nem é tão dispendioso. Parece-nos que se desconhece a existência dessa parcela da sociedade, que é a de quem escreve e a de quem lê, a qual, embora pequena, existe e RECLAMA o seu lugar.
Sé é verdade que “poetas são lidos por poetas”, também é verdade que, trabalhando-se no sentido de se incentivar o hábito de leitura, quer seja por eventos como palestras com escritores, feiras de livros, saraus, concursos, quer seja por simples projetos de leitura em sala de aula, muito se consegue. É a partir do convívio com os livros que surge o leitor e, consequentemente, o escritor. 
Na apresentação ao livro Milênios e outros poemas, de Ruy Espinheira Filho, publicado recentemente pela Editora Patuá, o poeta, ensaísta e editor Alexei Bueno chama a atenção para a escassez de público para obras literárias, quando diz, ao final do prefácio, que “Milênios e outros poemas vem juntar-se (...) ao admirável conjunto de obra desse que é um dos grandes poetas do Brasil, este Brasil desgraçadamente tão surdo — e de forma crescente — a todas as belezas do espírito.” Pois é fato que há surdez em se tratando de literatura. Poesia, então, nem se comente. Mas é fato também que ela — a poesia — se manifesta, através de um e outro talento, como uma das mais belas formas de arte e, ainda que pouco ouvida, tem o poder do canto das sereias. E Pedro Lyra, desde sua estreia, com o livro Sombras, de 1967, até a presente data, tem provado que é um desses talentos, ao lado dos já citados poetas Alexei Bueno e Ruy Espinheira Filho, Affonso Romano de Sant'Anna e Marina Colasanti, como também ao lado de Astrid Cabral, Anderson Braga Horta, Antonio Miranda e tantos outros.
Foi-nos honra ouvir Pedro Lyra falar de poesia e vida, no Teatro Gacemss, em Volta Redonda, honra tê-lo apresentando-nos alguns de seus livros, inclusive o recém-lançado A construção do poema
Aos leitores do gênero que ainda não conhecem esse grande autor fica o convite a pesquisá-lo na internet e descobrir um pouco dele e de sua sedutora poesia. 




Antônio Pena,
Volta Redonda, 28/7/2017



_________________________
 1ª  foto: Da esq. para a dir., Marlene, Maria Luisa, Nikson, Pedro Lyra, Imaculada, Lucian e Antônio Pena.
2ª foto: A generosa pessoa do escritor Adahir Gonçalves, ao lado do poeta Pedro Lyra, no  palco do Teatro Gacemss. 


DOIS POEMAS DO LIVRO 

                       Contágio  poesia do desejo


                                                                                                      DE  PEDRO LYRA:


A VEZ PRIMEIRA

Porque chegaste assim, tão de repente,
com o esplendor das promessas de uma porta que se abre
                                                                                                         para a liberdade
e me devolveste a poesia largada pelas noites em que te procurava                                                                                                                                 sem sequer saber se existirias;
porque me olhaste assim, tão leve e livre (e linda)
e despertaste o meu ser com a voragem sem retorno deste sorriso
                                                                            incendiado de alegria;
porque me marcaste a alma
com esta voz de nuvem deslizando pelo espaço à gestação de novos
                                                                                                        mundos
e me acendeste a carne
com o toque dessas mãos como de flor se abrindo na volúpia dos raios
                                                                                                 de um novo sol;
porque chegaste assim
no momento de agonia em que a ânsia de viver se encaminhava
                                                                                               para o nada
e trouxeste em cada gesto o sentido pleno da ressurreição,
por tudo isto, amiga, e pelo mais
que o teu sereno estar-aqui vela e desvela à simples anunciação da
                                                                                                           tua presença,
é que eu me sinto reencontrar comigo a cada vez que a tua imagem
                                                                                       suspende o meu caminho
porque a tua exata aparição me devolveu meu próprio eu adormecido
                                                            no percurso que me trouxe até a ti.

E, por tudo isto,
deixa-me dizer-te com a ternura dos que nada esperam:
— vai ser impossível não te amar.

Como não amar a luz
que retorna de repente, depois que o espírito afogara-se na síncope
                                                                                              de todos os abismos?

Mas, sobre tudo, como não amar o prodígio
que, de repente, faz retornar a luz sob a forma redentora do amor?

E é assim que eu vou te amar
assim, como a criança que abre os olhos e vê que vê pela primeira vez
                                        o mundo que acaba de lhe oferecer este milagre,
esta coisa
tão simples e tão grave:
— o milagre da vida renascendo.

Meus amigos, meus inimigos,
venham juntos, cheguem, e depois de ouvirem isto, digam,
digam
a todos e a tudo:
à Terra,
onde a descubro toda vez que me procuro
e que só não me consumiu porque sabia que ela está na própria força
                                                                                                 das transformações;   
ao Mar,
onde a contacto sempre que mergulho em mim
e que só não me tragou porque sabia que ela estaria no espaço
                                                                                           aberto a cada onda;  
ao Céu,
onde a vislumbro a cada vez que fecho os olhos
e que só não me arrebatou porque sabia que ela guarda o resgate
                                                                                        de todos os mistérios;
ao Inferno,
donde emergi em chamas para o seu encontro
e que me libertou porque sabia que ela depuraria o fogo em luz
                                                                        com a sua simples aproximação;
a toda a Natureza,
que me fez assim e me deixou aqui, neste momento,
porque também a fez assim e a deixaria aqui, neste mesmo 
                                                                                                    momento;
digam,
digam a tudo que ainda é vivo,
a tudo que palpita na expectativa da vertigem do amor:
ao dia, e seu apelo; à noite, e seu delírio;
à tempestade, com o furor dos amores que se acabam;
à primavera, com a euforia dos amores que começam;
às minhas ex-amadas; aos ex-amantes dela;
digam, e digam claro, e digam alto
a todo o mundo
(exceto a ela)
que eu amo, que eu amo, que eu amo,
porque a imagem dela encravou-se em minhas células
e hoje é amor que circula em minhas veias,
que eu amo
eu amo
amo
e amo pela primeira vez.

— Ah, o desengano de não ser a última!

POR AMAR

Não, amiga, eu não te amo
por aquilo que geralmente leva um homem a amar uma mulher
— que desenrola o fio do universo
por uma ou duas noites de prazer (não mais)
para logo cortá-lo
depois de duas ou três vidas de suplício (não menos).

Não te amo
pelo encanto de sonho do teu rosto,
que um dia há de apagar-se esse esplendor
mesmo que permaneça na imagem da primeira vez
                                                                       em que te vi.

Não te amo
pela música de luz do teu sorriso,
que um dia há de contaminar-se da tristeza do mundo
ainda que permaneça no reflexo do momento em que
                                                                                       ficaste.

Não te amo
pela delícia do contato com teu corpo,
que um dia o próprio dia há de afastar
embora permaneça em minha pele o rastro de cada
                                                        um dos teus carinhos.

Nem te amo
pela doçura infinita da tua alma,
transpassada pela minha nos momentos de beleza e de alegria
                                                                 que antecipavam tua vinda.

Não, amiga: eu não te amo
por essas coisas que geralmente levam um homem
                                                            a amar uma mulher
pois tudo isso um dia há de perder-se
e então o meu amor também se perderia.

Amo-te
por amar-te, simplesmente
— nem pela certeza de ser feliz a teu lado
nem pelo receio de sofrer na tua ausência.

Amo-te
por amar,
mais simplesmente ainda,
— pelo simples amor de amar — alheio
à euforia de ter-te sempre como agora
ou à penúria de nunca te encontrar.       

Frontispícios de algumas edições
dos livros do poeta Pedro Lyra:











Em visita à escritora Astrid Cabral

Celebração de um encontro de poetas

 Em visita à escritora Astrid Cabral, veem-se, da esquerda para a direita, os escritores: Luiz Otávio Oliani,  Ernani Mazza, Antônio Pena, Jean Carlos Gomes e Vicente Melo.

Poemas de Luiz Otávio Oliani


Encantamento

   no balde de juçaras
   o homem busca
   a água de que precisa

   no terreno seco
   procura o vento

   encontra Deus
   disfarçado de sabiá

Anônimo

o poeta na padaria
procura inspiração

ninguém o conhece
ninguém sabe de seu ofício...

no prédio onde mora
chamam-no pelo nome
quando o sabem

mesmo assim
no anonimato das ruas
entre broas de milho
pessoas papéis
o poema cresce
como pão
a sair da fornalha

o fermento da poesia é a vida

Canção

com poder encantatório
qual sereia
a vislumbrar
águas desconhecidas,
a palavra é peixe
em mar revolto
  
Decifra-me ou...

 “É necessário cantar
quando a palavra nos soa
poética”
ROGÉRIO SALGADO
no cotidiano
o poeta
elimina significados

distorce o sentido
dos vocábulos
corta o supérfluo
veste a palavra
de pura conotação

o peixe deixa de ser peixe
caminha pelo ar
voa em liberdade

o poeta dá à palavra
o sentido da ambivalência

 Poeta lírico da cidade do Rio de Janeiro, autor dos livros Fora de órbita, Espiral e A eternidade dos dias.

Poemas de Astrid Cabral

   Imagem relacionada

Encontro no jardim

Ondulando
                    o corpo
réptil
sempre
   à frente
                                                                              rente
       ao solo
graças
à oculta
mola
a cobra
ágil
desenhava
     seu caminho
   no verde.

Olhei-a frente a frente:
sua cabeça
erguida em talo
eu entalada
o colo em sobressalto.
Sensação de asco
me percorrendo
inteira
tamanha a estranheza
de cores e contornos
postos em confronto.
Súbito
a revelação
em luz se acende:
um segredo a nos unir
            dá cabo do medo.
A comum sedução pelo verde
a terra de arcaicos mistérios
colando-se em nossa epiderme
nos enredando em suas redes.
Eu também ser de veneno.
Eu também ser inepto ao vôo.
Ambas inquilinas do mesmo solo
Ambas coincidentes no tempo.
Então eu toco sem nojo
o corpo da exótica irmã.
O encontro desde sempre inscrito
nos desígnios de Aldebarã.

Grades

Assim, embalando a linda
ilusão da liberdade
foges, corres e te evades.
Rejeitas o chão dos montes
que te atrapalha a passagem.
Queres o longe horizonte
onde terra e céu se casem.
As asas do sonho aos ombros
vais de cidade em cidade
casa em casa,loja em loja.
Quebras ferrolhos e portas.
Rompes cadeados e chaves.
Inútil qualquer esforço.
Nunca te sentirás livre.
Vê: por toda parte há grades.

Transitória

Enquanto
folhas folham
árvores arvoram
e o dia irradia
sigo
figo
no ramo da tarde
Até que a noite anoiteça
o fruto apodreça
e na terra em fome
tombe
sem alarde

Os búfalos

Em Marajó, os búfalos
pastam à flor da terra
ou nos alagados do fundo.
Tudo depende das estações.
Movem-se em pequenas viagens
em total paz com a paisagem:
nadam nos fartos rios do inverno
rolam na parda lama do estio.
Debaixo das pesadas patas pisando campos
esmagam cobras sapos lagartos
na mesma serenidade com que mastigam
moitas silvestres vingando
junto a palmeirais de inajá e babaçú.
Soltos selvagens sonolentos
na verde imensidão banhada ao sol
ruminam as horas sem pressa
donos da eternidade, imunes ao calendário
o couro escuro em retalhos de noite.
Alguns, para o espanto dos viajantes,
não rejeitam o jugo das carroças
e desfilam sob volumosas cargas
robustos e tardos corpos
prestando auxílio a frágeis homens.
Solidários nas tarefas
vão semeando por rústicas estradas
o verde estrume prenhe de sementes.
Símbolos de arcaica travessia épica
por afro-índicos mares
mostram troféus de longas agressivas
lanças, luas de duros chifres.
Nada porém impede-lhes o servil destino
de acabarem esquartejados em bifes
couro reduzido a sandálias.

Adeus

De manhãzinha qualquer
latido me apunhalava.
Era nosso brinquedo favorito
e foi enterrado no jardim
com o ritual de praxe:
Velas e rezas, choro e flor.
Só não teve missa que
nesse tempo era em latim.
Quando o capim cresceu
regado pelas chuvas
passávamos as mãos nele
dizendo: o pelo mudou de cor.

Resultado de imagem para astrid cabral Astrid cabral, cultora de uma poesia pessoal enxuta, livre de derramamentos líricos, em que fala, como diz Alexei Bueno, em Uma história da poesia brasileira, pág. 387, "sobre a perda, sobre a ausência, sobre a falta, numa ambiente mais íntimo e doloroso, na descrição do qual a exatidão poética se mantém no mesmo nível inalterável".

Poemas de Antônio Pena

 

Paraty

Praia do Pontal. Abril farfalha. Garças
são, à beira do canal, meros pontos brancos.

O ar lavado, onde uma borboleta adeja,
é, ao meio-dia, mais azul. No mar,
pequenos barcos
somam-se a uma paisagem de cartão-postal.

Quase nada

Olhas o mundo à tua volta,
e te surpreende,
                           naquela árvore
                                                     florida,
                          a sabiá. O zumbido
de algum besouro ou abelha
                                               te comunica
                                                                    a vida.
Por um instante, te aprazes
com essas coisas pequeninas
                                                (esse,
                                                          em si,
                                                                     quase nada,
não fora o que te remete
                                         ao mais íntimo
                                                                   de ti).

Mínima elegia

(E UMA VEZ...)

... uma rua onde essa chuva
que persistente se derrama
formava poças d’água,
e em que à parede das casas
os carros, passando,
salpicavam de lama;
uma casa de assoalho
e azuis janelas,
poéticas, conquanto não
fossem propriamente belas;
um quintal espaçoso; nele,
um filete d’água que passava
e um bambuzal a cuja sombra,
                                                   solitário,
um menino brincava
poupado de obrigações,
poupado de toda a dor,
alheio a quaisquer problemas,
e ao tempo,
que, sem que o soubesse,
modificava-lhe as feições
e acrescentava-lhe o amor;
ao tempo,
que, sem que ele visse,
os seus sonhos revolvia
deixando, aos poucos, desejos
onde tão somente havia
o que de tenro encantava;
ao tempo, que,
sem que se notar pudesse,
aos poucos, mais do que a sua
ingenuidade, inocência,
                                         a ele próprio levava...

Maturidade

Tal como as estações, passam-se os anos,
ligeira, a vida, como as estações,
roubando a nosso ser as ilusões,
não o enchendo, porém, de desenganos.

Antes fazendo sóbrios nossos planos,
sensato o riso e mesmo as emoções;
fazendo ver, à luz, os corações
perdidos de desejos, mas tiranos.

Saibamos rir em meio da tristeza
como um rei, na alegria, não soubera,
sobriamente, sem dizer um ai...

Que um colorido há, de uma beleza
que se renova, finda a primavera,
que apenas dorme, quando a noite cai...

Poeta é aquele que vê

A Marcio Marinho Nogueira

Poeta é aquele que vê
o belo e o feio do mundo;
que capta, com suas antenas,
toda a essência das coisas
e em seus versos a traduz.
Poeta é aquele que sabe
colher com seus dedos longos,
pelas margens dos caminhos,
flores, e ninhos, e salmos.
Poeta é aquele a quem cabe
distribuir os seus dons
e que, à sombra ou ao sol,
fiel às aspirações,
faz aos poucos uma história.
Poeta é aquele que crê
e proclama esta verdade:
só o amor tem fundamento;
o ódio, a cobiça, o ciúme
não têm, não, razão de ser.
Poeta é quem dá, afinal,
través daquilo que escreve,
das palavras de sua boca,
água a quem reclama sede,
pão a quem lhe diz ter fome,
o que cobrir ao que está nu,
e flores — a este, àquele —
flores a toda a gente,
indiscriminadamente,
mesmo a quem, ah! sobretudo
àquele que lhe atira pedras.

Minha foto Antônio Pena, mineiro naturalizado fluminense, cultor de versos livres, bem como de gêneros de forma fixa, como o soneto e a trova.

Poemas de Jean Carlos Gomes


Variações de um habitat

Ruas estreitas,
Quase sem calçadas,
Pontos de ônibus distantes,
Orelhões danificados,
Bueiros entupidos,
Servidões, vielas, becos...
Morros com matagais,
Plantas de várias espécies,
Vista panorâmica,
Casas edificadas nas alturas,
Lugar um pouco longínquo,
De várias encruzilhadas...
De onde vêm e para onde
Nos levam esses caminhos
Constantemente estreitos?

Poemas...?

Poemas:
Tão claros,
Tão tardios,
Tão escuros...
Tão espaçosos, alegres,
Que transmitem friezas...
Tão rochosos, ácidos,
De tons e sons naturais...
Tão fracos, sem vozes,
Sem melodias,
Sem asas, inexistentes...
Tão encharcados, confusos,
Alguns são inexplicáveis...
Cheios de teias de aranha,
Cheirando a mofo,
Mortos, esfacelados,
Pobres, em decomposição...
Lançados ao relento,
Habitantes rastejantes,
Moribundos, indigentes...
Tão leves, pré-definidos,
Tão tristes,
Tão breves...
Cheios de ilusões, certos, incertos,
Áridos como a aridez de um deserto,
Feitos e desfeitos pela Caneta do Tempo!

Manchas

As frutas do pé de amora
Que fica no alto do barranco,
Perto da rua,
São lançadas ao chão pelo vento
Depois de serem amassadas
Pelos veículos, pelos pés...
Mancham o asfalto
Com enormes manchas roxas,
Assim como o sangue derramado
Dos inocentes,
Mancham freqüentemente as alamedas,
Nossos dias, nossas vidas!

Solidão trituradora

Chega, na maioria das vezes,
Sem avisar,
Entra pelas nossas entranhas,
Tritura o nosso coração,
Os nossos sonhos,
Os desejos, os amores...
Nosso corpo,
Nossos ossos,
Nossa alma
Dentro desse Mar Revolto...!?
Somente com fé em Deus
Pode-se renascer das cinzas
Igual à fênix vitoriosa,
Destruindo, de vez, essa dolorosa
Angústia que é quase inevitável
Nessa nossa Grande Travessia!

Imortal?

Passo, canto, deixo
Algumas marcas registradas
Por onde passei, passo...
Passo?
De mim ficará alguma coisa?
A alegria, a busca,
As frustrações, o lirismo,
O olhar sensível,
A forma de cantar o amor,
A natureza, a sorte,
A vida, a morte?
A convicção de ser livre?
A infância vivida?
As conquistas?
Os livros...?
Os sonhos...
Ou tudo passará comigo

E nada ficará?
                                                                                                    










Jean Carlos Gomes, poeta e editor. Autor do livro Cardápio poético, em que evidencia sua paixão pela cidade natal, Volta Redonda, pela vida e por tudo o que o rodeia.